A Edição Genética como Elemento das Responsabilidades Parentais

De Thaís Cesa e Silva
O presente trabalho realiza uma abordagem dos avanços científicos na área da genética humana, precisamente sobre as técnicas de edição genética, face à realidade juscivilística familiar. Em outras palavras, busca-se enformar uma antecipação do cenário das relações familiares, designadamente as relações paterno-filiais e suas responsabilidades parentais, diante da possibilidade de uma futura regulamentação da edição genética germinal com finalidade preventivo-terapêutica.Os avanços biocientíficos no âmbito da edição genética humana oferecem um horizonte de possibilidades com eficácia e precisão nunca antes alcançadas, invertendo a conhecida relação entre o Homem e a Natureza, ao passo que permitem ao ser humano modificar sua constituição genética no menor dos detalhes, o que acarreta preocupações, principalmente, no que tange ao espectro eugênico. As vias e propósitos da edição de genes são diversos, sendo a intervenção na linha germinativa humana a que permanece sob fortes e impactantes discussões a nível mundial, mesmo quando permeadas por fins de alcance da saúde, e cuja implementação alia-se fortemente às técnicas já utilizadas de procriação medicamente assistida.Nesse contexto, é reconhecido um conflito entre direitos fundamentais, nomeadamente o direito à identidade genética do ser humano, que se confronta com os direitos à saúde, liberdade científica, liberdade procriativa e integridade física. Ao transpor e antecipar este conflito para o cenário juscivilista, vislumbramos prospectivos pais, inseridos na realização do seu projeto parental, numa encruzilhada relativa: de um lado, à proteção da identidade genética do filho em formação; por outro, vinculados ao dever de zelar pelo direito à saúde dos filhos, com apoio no próprio direito à liberdade reprodutiva.A relevância da temática comprova-se pelo caráter emergente, inovador e carente de regulamentação, o que conduz a presente pesquisa igualmente a uma análise dos melhores caminhos a serem tomados para que, no futuro, a edição genética germinal com finalidade preventivo-terapêutica seja prudente e responsavelmente utilizada pelas famílias que almejam melhores níveis de saúde para os filhos, desde o início da sua vida em formação.
Disponível em https://www.uc.pt/fduc/ij/loja